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Revista Transverso n. 8 está disponível para o público

A Revista Transverso é uma iniciativa do Núcleo de Design e Cultura – NUDEC do Centro de Extensão da Escola de Design. Tem como Editor, o professor Luiz Henrique Ozanan de Oliveira e conta com a colaboração de um Conselho Editorial convidado entre professores da UEMG e de outras instituições do país e do exterior.

A revista publica trabalhos relacionados à arquitetura, artes visuais, cultura material e imaterial e design, sempre que possível abordando vínculos transdisciplinares com as letras, as artes e as ciências humanas e sociais.

No número 8 da Transverso, a variedade de temas prevalece respaldada pelas diferentes áreas de atuação dos autores, mas já é possível perceber algumas abordagens refletindo o período insólito pelo qual o mundo passa, de uma pandemia e consequentes medidas de isolamento social.

A revista está disponível no site da Escola de Design e na plataforma OpenJournal.

Para acesso a revista, clique na imagem abaixo:

 

O Edifício da Escola de Design na Praça da Liberdade

Escola de Design da UEMG na Praça da Liberdade – a recuperação de um patrimônio histórico da arquitetura modernista de Minas Gerais

O mês de agosto é dedicado a celebrar o patrimônio cultural em todo o Brasil. Em Minas Gerais, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA-MG) promove anualmente diversas ações voltadas para o conhecimento e promoção dos bens culturais mineiros. Este ano, em função do isolamento social provocado pela pandemia de Coronavírus (Covid-19), o IEPHA-MG propôs que o mês do patrimônio cultural fosse celebrado nas redes sociais e mídias digitais, com os espaços culturais que integram o Circuito Liberdade contando um pouco da história dos edifícios que abrigam seus espaços culturais, a memória das construções, compartilhando informações sobre a arquitetura, modos de construção, materiais, entre outras, que se relacionam com a própria história da cidade.

O prédio modernista da esquina da Rua Gonçalves Dias com Avenida João Pinheiro, em frente à Praça da Liberdade em Belo Horizonte que por quase meio século abrigou a sede do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais – IPSEMG, foi projetado pelo arquiteto Raphael Hardy Filho e cálculo estrutural ficou do engenheiro civil Sylvio Barbosa. As obras foram realizadas entre 1960 e 1964 e no dia 10 de agosto de 1965 o edifício foi inaugurado pelo então Governador Magalhães Pinto.

 

O arquiteto Raphael Hardy Filho (1917-2005) formado na primeira turma da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde mais tarde se tornaria professor e diretor, é considerado como um dos precursores da arquitetura modernista no Brasil em Minas Gerai sendo autor do projeto do edifício-sede da Usiminas na Pampulha, do Grupo Escolar Pandiá Calógeras no Santo Agostinho, do Edifício Helena Passig no Centro e do Ginásio (demolido) do Minas Tênis Clube – entre outros tantos marcos arquitetônicos na capital e interior.

 

Fachada do prédio do IPSEMG voltada para a Rua Gonçalves Dias no final da década de 1970, antes do plantio das árvores.
Foto: Acervo da Comunicação Social do IPSEMG

 

Situado no “Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Praça da Liberdade”, tombado em 1977 pelo IEPHA, tem proteção municipal desde 10 de novembro de 1994, como exemplar protagonista do “Conjunto Urbano Praça da Liberdade – Av. João Pinheiro e Adjacências”.

 

Praça da Liberdade e os lotes onde está a antiga sede do IPSEMG, década de 1930. 
Fonte: Acervo do IEPHA

 

Vista aérea com a Praça da Liberdade e as elevações do IPSEMG para o lado norte. Data estimada: início da década de 1970.
Fonte: www.skyscrapercity.com

 

Concebido e construído em um momento particular na história da nação, suas formas geométricas puras e limpas bem representam e refletem a corrente modernista que, após a consagração da Pampulha e de Brasília e, independentemente da situação política vigente, já se estabelecera como predominante em Belo Horizonte. Forma junto com os edifícios residenciais Mape (1) (do também arquiteto mineiro Sylvio de Vasconcellos) e Niemeyer (2) e com a Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa (3) (ambos de Oscar Niemeyer) o quarteto de obras modernistas que emolduram a praça.

 

(1) Edificio residencial MAPE; (2) Edifício residencial Niemeyer; (3) Biblioteca Pública Luis de Bessa.
Fonte: http://www.arqbh.com.br/

 

Nos anos durante os quais o IPSEMG utilizou o edifício, várias alterações foram feitas, seja para atender a demandas de funcionamento do próprio Instituto, seja para atender normas de segurança que foram estabelecidas posteriormente.

 

Implantação do edifício e alterações mais significativas 1º pavimento.
Fonte: COSTA et al, 2007, p.49

 

Projeto de reforma para adaptação da Escola de Design – UEMG 1º pavimento.
Fonte: CEDA – Centro de Estudos em Design de Ambientes, 2015

 

2º Pavimento acréscimo de salas sobre o terraço, 1988.
Fonte: COSTA et al, 2007, p.50

 

2º Pavimento Projeto de reforma para adaptação da Escola de Design – UEMG.
Fonte: CEDA – Centro de Estudos em Design de Ambientes, 2015

 

6º Pavimento acréscimo de salas do início da década de 1980.
Fonte: COSTA et al, 2007, p.50

 

6º Pavimento – área de convivência Projeto de reforma para adaptação da Escola de Design – UEMG.
Fonte: CEDA – Centro de Estudos em Design de Ambientes, 2015

 

Em 2010, com a iminente transferência das principais instalações do IPSEMG para a Cidade Administrativa Tancredo Neves na região norte da capital, o Governo de Minas iniciou estudos para a destinação do prédio e, em 2012, autorizou a reforma e restauro do histórico edifício-sede do IPSEMG, localizado na Praça da Liberdade, para a implantação da Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG

Após as tramitações de praxe e processos licitatórios, o projeto executivo foi elaborado, a partir de cuidadoso estudo da documentação existente sobre o patrimônio disponíveis no IEPHA e outros que foram especificamente encomendados. Somente em março de 2014 o projeto foi definitivamente aprovado e deram início às obras que se estenderam até este ano em virtude, principalmente, das dificuldades de execução de uma obra em prédio tombado pelo Patrimônio Histórico e a intensa supervisão de impacto ambiental por parte da Prefeitura Municipal

As características arquitetônicas, a racionalidade estrutural e a boa qualidade construtiva desta edificação permitiram sua reocupação com usos diversos do inicialmente proposto sem traumas ou impactos negativos para a composição inicial. Naturalmente houve todo um trabalho de recuperação física (supressão de acréscimos descaracterizantes, correção de patologias vigentes e resgate de sua volumetria, fachadas e revestimentos externos e de algumas ambiências internas) e adaptação funcional para abrigar as instalações da Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG.

 

Fonte: Arquivo (Escola de Design), 2020

 

Foram várias as exigências para resgate das condições originais do edifício. Em especial quanto aos materiais de acabamento: o interno (nas áreas nobres com piso paginado em granito preto), paredes e pilares revestidos em mármore branco, uma longa separação de ambientes em blocos de vidro no nível superior do hall de entrada e os pisos paginados em tacos de peroba no salão superior do mezanino; nas áreas externas, o restauro dos revestimentos em pastilha em todas as fachadas e restauro e manutenção do mural em pastilhas coloridas. Foi preciso encomendar a produção desse material, seguindo o padrão original da mescla de cores e tamanhos de modo a manter o conceito da arquitetura moderna quanto à sobriedade dos ambientes e ausência de rebuscamento e ornamentação.

 

Fonte: Arquivo (Escola de Design), 2015/2020

 

No plano das fachadas, um item que representou uma parcela expressiva do custo de restauração foi a troca de toda a caixilharia. A original, em aço pintado, estava em condições precárias, com grande acúmulo de ferrugens pelos vários anos de uso, inviabilizando sua restauração.  Foi então permitida a substituição do aço pelo alumínio, com a exigência de manutenção de todos os vãos, sistemas de abertura, modulação e paginação adotados na caixilharia original.

 

Fonte: Arquivo (Escola de Design), 2015/2020

 

Ao projeto original foram acrescentadas duas escadas de defesa contra incêndio.  A proposta desses novos volumes externos eram exigências de segurança do Corpo de Bombeiros para o uso do edifício como instituição de ensino, que impunha rígidos critérios ao dimensionamento das rotas de fuga. Com a atenção e sensibilidade necessárias, o projeto de restauração adotou especificações de localização, volumetria, coerência e discrição de acabamentos para esses volumes de escada que foram competentemente incorporadas ao novo projeto, sem comprometer a qualidade do partido arquitetônico original.

A demolição dos acréscimos que haviam sido feitos ao longo do tempo, bem como a restauração dos revestimentos, recuperaram as características originais que, principalmente na parte interna, haviam se perdido.

 

Fonte: Arquivo (Escola de Design), 2020

 

A construção, embora adaptada para uso de instituição de ensino, retoma seu valor histórico como exemplo de arquitetura modernista de Minas Gerais: composição volumétrica com blocos de dimensões e proporções diversas, porém bem articulados, em composição geométrica que expressa funcionalidade e racionalidade; plantas livres e estrutura independente em concreto armado com pilotis recuados nas fachadas do bloco da esquina e suas lajes em balanço que conferem caráter e elegância ao conjunto – elegância essa ressaltada pela ausência de ornamentos, pelos materiais cerâmicos e cores de revestimentos e pelos longos trechos envidraçados em esquadrias de metal.

O prédio está pronto para o funcionamento da Escola de Design da UEMG, cujas ações serão ampliadas pela nova localização e o novo arranjo arquitetônico. A chegada da Escola de Design – UEMG à Praça da Liberdade, significa oferecer ao conjunto dos equipamentos culturais ali reunidos, uma instituição que ao longo de seus mais de 50 anos de existência desenha a história do design mineiro. Integrada a esse conjunto pode cumprir seu maior objetivo: mostrar o design de forma concreta, objetiva e democrática, revelando à sociedade uma face importante de sua cultura material – o design, do passado, do presente e prospecções de futuro.

 

Fonte: Arquivo (Escola de Design), 2020

 

Fonte: Arquivo (Escola de Design), 2020

 

Referências

CENTRO DE ESTUDOS EM DESIGN DE AMBIENTES. Escola na Praça. Belo Horizonte, 2018. Escola de Design UEMG, 2018, 70 p. Relatório

COSTA, Joseana; MAGALHÃES, Cristiane Maria; RABELO, Mariana; BAGGIO, Vanessa; BRUNO JR., Jarbas. Inventário qualitativo do prédio do IPSEMG. Memória Arquitetura Ltda. 2007, 129 p. Relatório.

FRAGA, Heloisa Helena Maciel; FRANCO, Lizandro Melo. Prédio do IPSEMG -instalação da Escola de Design da UEMG: diagnóstico e levantamentos. CGP – Consultoria, Gerenciamento e Planejamento Ltda. 2013, 44 p. Relatório.

MIRANDA FILHO, Alonso Lamy. Obra Escola de Design na Praça. Belo Horizonte, 2020. Entrevista concedida a Giselle Safar

PENNA, Mara Galupo de Paula. Obra Escola de Design na Praça. Belo Horizonte, 2020, Entrevista concedida a Giselle Safar

Mestrado e Doutorado em Design | Processo Seletivo 2020

A Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Design (PPGD) da UEMG torna público o edital do processo seletivo para abertura de turmas do Mestrado e Doutorado ofertados na Escola de Design.

As inscrições estarão abertas entre os dias 24 e 30 de agosto de 2020. São oferecidas 20 vagas de mestrado e 12 para o doutorado.

Mais informações sobre o processo seletivo e sobre o Programa podem ser encontradas no Edital ou obtidas junto à Secretaria do curso pelo e-mail processoseletivoppgd@gmail.com

Para acesso ao edital CLIQUE AQUI

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