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Um Banquete para os Olhos e a Alma: O Painel “Doce Música Mecânica” exposto na Escola de Design e a História da Imprensa Oficial

Em meio às paredes da Escola de Design da UEMG, uma obra de arte singular nos convida buscar entender a história da imprensa e da literatura mineira. O painel “Doce Música Mecânica”, do artista plástico Fernando Pacheco, é um verdadeiro banquete para os olhos e a alma, que celebra a trajetória histórica da Imprensa Oficial e homenageia grandes nomes da cultura brasileira.

Com mais de três metros de largura, o painel “Doce Música Mecânica” tem cores e formas marcantes, que com facilidade nos remetem ao universo da tipografia, dos jornais e da literatura. Para celebrar os 120 anos da Imprensa Oficial em 2021, foi inspirada no “Poema do jornal”, de Carlos Drummond de Andrade, publicado em seu primeiro livro, “Alguma poesia”, no ano de1930, que retrata a atmosfera das oficinas gráficas, técnicas, equipamentos utilizados na época e ao jornalismo da época.

Poema do jornal

O fato ainda não acabou de acontecer

E já a mão nervosa do repórter

O transforma em notícia.

O marido está matando a mulher.

A mulher ensangüentada grita.

Ladrões arrombam o cofre.

A polícia dissolve o metting.

A pena escreve.

Vem da sala de linotipos uma doce música mecânica.

Drummond, um dos principais poetas brasileiros, está presente no painel, assim como outros grandes nomes da literatura mineira, como Otto Lara Resende, Fernando Sabino e Murilo Rubião. Todos eles, em algum momento de suas vidas, estiveram ligados à Imprensa Oficial.

A Imprensa Oficial de Minas Gerais foi fundada em 1892 e desempenhou um papel fundamental na divulgação das informações oficiais do estado e na promoção da cultura mineira. A última edição impressa do Diário Oficial do Estado, órgão oficial dos poderes estaduais, foi produzida em 2019, por decisão do Governador Romeu Zema, dando início a uma transição para o formato digital.

Em fevereiro deste ano, o acervo que era exposto no local foi repassado para a Universidade do Estado de Minas Gerais e a transferência realocou alguns equipamentos históricos no Laboratório de Tipografia (TipoLab) da Escola de Design, incluindo o quadro, que agora é exibido no hall da ED. A doação foi feita pela Secretaria de Estado de Governo (Segov) e contém impressoras, prelos, clichês, fotografias, entre outros itens.

A obra de Fernando Pacheco, ao retratar essa história, resgata a memória da Imprensa Oficial e a coloca em um lugar de destaque no cenário cultural mineiro. O painel “Doce Música Mecânica” é mais do que uma simples obra de arte; é um marco que celebra a importância da imprensa na construção da identidade de Minas Gerais.

Fernando é um artista plástico mineiro conhecido internacionalmente, por suas obras vibrantes e cheias de significado. Seus trabalhos já foram expostos em diversos museus e galerias do Brasil e do mundo, e suas pinturas são reconhecidas por sua expressividade e pela capacidade de evocar emoções profundas.

Reprodução: Fernado Pacheco

Reprodução: Assessoria de Comunicação  (Matheus Lacerda)

Pele de Bicho: Entre arte, ciência e sustentabilidade. Mostra da professora Thatiane Mendes Duque em cartaz na Galeria Mama/Cadela

Pele de Bicho: Entre arte, ciência e sustentabilidade. Mostra da professora Thatiane Mendes Duque em cartaz na Galeria Mama/Cadela

A exposição ‘Pele de Bicho: intimidade entre estranhos’ de Thatiane Mendes se destaca no cenário artístico contemporâneo ao explorar a interseção entre arte, ciência e ecologia. Derivada de uma profunda investigação sobre seres vivos microscópicos e suas complexas relações com o meio ambiente, a mostra apresenta um conjunto de obras que mesclam técnicas ancestrais como cerâmica e têxteis com bioplásticos e plantas medicinais. Essa abordagem multifacetada não apenas amplia os limites da expressão artística, mas também provoca reflexões sobre temas urgentes como gênero, autocuidado e sustentabilidade.

Inspirada pela ficção especulativa de autoras como Donna Haraway e Ursula K. Le Guin, Mendes cria narrativas visuais que desafiam normas convencionais e imaginam futuros alternativos onde os protagonistas são corpos e organismos não convencionais. As obras da exposição não se limitam ao espectro visível; exploram também os biomas invisíveis que habitam nosso corpo e nosso entorno, utilizando dispositivos cerâmicos vestíveis para cultivo e monitoramento de microorganismos.

Além de sua prática artística, Mendes coordena o Grupo Casulo, um coletivo dedicado a aplicar conhecimentos interdisciplinares em arte, design, moda e ciência para criar têxteis e vestíveis mais sustentáveis e amigáveis ao meio ambiente. Desde 2018, o grupo vem desenvolvendo biomateriais e pesquisando o cultivo de microorganismos vivos, influenciando diretamente o trabalho exposto em ‘Pele de Bicho’.

A trajetória acadêmica de Mendes, que inclui estudos em poéticas tecnológicas e monitoramento do corpo através de microeletrônicos, fundamenta sua abordagem artística em laboratório. Este ambiente não só facilita o controle preciso dos processos de criação, mas também estimula uma colaboração interdisciplinar que enriquece suas obras com insights científicos.

Em um contexto sociocultural e político marcado por crises ambientais e sociais, a exposição não apenas responde, mas também propõe novas perguntas e possibilidades através de uma estética que mistura ficção e realidade. Conforme sugerido por Isabelle Stengers, ‘Pele de Bicho’ alimenta a fabulação e o gesto especulativo, convidando o público a imaginar e agir de maneiras inovadoras e colaborativas.

A exposição está aberta até o dia 23 de junho para visitação aos sábados e domingos, na Galeria Mama/Cadela, na Rua Pouso Alegre, 2048, Santa Tereza.

 

Fotografia: Daniel Pinho

Jovens artistas e estudantes da Escola de Design brilham na exposição fotográfica Núcleo Nômade de Fotografia

A cidade de Belo Horizonte está sendo palco de uma exposição fotográfica que trouxe à luz o talento e a criatividade de jovens artistas residentes de Minas Gerais. A mostra, intitulada “Núcleo Nômade de Fotografia”, está em cartaz até o dia 25 de maio, na Câmera Sete – Casa da Fotografia de Minas Gerais.  Sob a orientação dos fotógrafos André Baumecker e Marcelo Castro, vencedores do 4° Prêmio Décio Noviello de Fotografia da Fundação Clóvis Salgado, dez artistas foram selecionados entre 91 inscritos para participar do projeto, incluindo dois estudantes da Escola de Design.

O trabalho resultou de uma residência de criação artística coordenada por André Baumecker e Marcelo Castro. Entre os destaques da exposição estão Hermano Lamas e Pâmela Bernardo, ambos estudantes da Escola de Design, cujas obras refletem a diversidade e a riqueza da cena artística contemporânea em Minas Gerais. 

Hermano Lamas, se reconhece como uma pessoa não binária (ela/elu/ele), formou-se na Escola de Design da UEMG em 2020, no curso de Design Gráfico e está entre as pessoas selecionadas para participar da residência artística. Para Lamas, a experiência foi transformadora: “A residência do Núcleo Nômade de Fotografia foi uma oportunidade única de explorar novas abordagens criativas e colaborativas. O processo de criação coletiva e a valorização do acaso como parte do processo artístico foram aspectos fundamentais que enriqueceram minha prática fotográfica. Todo conhecimento que adquiri na Escola de Design da UEMG faz parte do meu repertório. A ED é um espaço de trocas muito valiosas e potentes, onde conheci diversas pessoas criativas. Tenho muito a agradecer pela formação oferecida, pelas professoras e professores.”, afirmou.

Pâmela Bernardo, aluna do 5º período de Artes Visuais Licenciatura, também viu na residência uma chance de expandir seus horizontes artísticos: “O curso de Artes Visuais Licenciatura tem aguçado meu olhar sobre o meu próprio trabalho com a fotografia, as disciplinas ajudam entender e a mediar o trabalho artístico, além de me guiar ao me inscrever em editais. A residência foi uma oportunidade incrível de mergulhar em um ambiente colaborativo e explorar novas técnicas e ideias, além de me me ajudar a compreender e mediar o trabalho artístico, me auxiliando na seleção e incrição de editais”, destacou.

Durante a residência, Pâmela e Hermano exploraram e percorreram as ruas de Belo Horizonte, capturando imagens e experiências que serviram de base para as obras apresentadas na exposição. Além das fotografias individuais dos participantes, a mostra também conta com um mural gigante com imagens produzidas coletivamente ao longo da residência e um fotolivro de edição única, editado especialmente para a exposição.

A exposição “Núcleo Nômade de Fotografia” não apenas celebra o talento e a criatividade de dois estudantes da ED, mas também destaca a importância da colaboração e da experimentação na cena artística contemporânea. Para Hermano Lamas, Pâmela Bernardo e os demais participantes, esta experiência representa não apenas um marco em suas carreiras, mas também um impulso para continuar explorando novas possibilidades e expandindo seus horizontes artísticos.

A mostra fica até o dia 25 de maio, na Câmera Sete – Casa da Fotografia de Minas Gerais e a entrada é gratuita.

O endereço é: Av. Afonso Pena, 737 – Centro

Horário

De terça-feira a sábado, das 9h30 às 21h

Informações para o público

(31) 3236-7400

Acesse e saiba mais: https://fcs.mg.gov.br/eventos/4o-premio-decio-noviello-de-fotografia/ 

 

Fotos: Amanda Canhestro

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