Professora Denise Damaris lança livro contos pela Editora Ramalhete

Foto: Livro De repente, um solavanco / Fonte: Arquivo pessoal de Denise Damaris
Nas palavras do professor Aziz Pedrosa
A difícil interrupção da marcha do dia a dia ofusca a extensão que pulsa, para arfar a outra que apressa para sobrevir. Aflições, incumbências, picos acanhados de agrados, outras miudezas, algumas violentamente instituídas, são rompidas pela respiração calma e paradoxalmente perturbada que desata perspectivas para avistar o que longe ou adjacente está: juízos, desconfianças, memórias e imaginações que impulsionam a própria vida em solavancos.
A fluidez que atravessa, tropeça e transfigura a observação de janelas que se abrem para espiar e sobrepor: suspeitas, conclusões sem desfecho, dúvidas perenes, a vida, a vida da gente, a vida do outro. A vida rompendo da coroa do cabelo crespo liberto da touca, desamarrando prisões. Está no sereio confinado em convenções (por que não sereio?). Está na repreensão de aflições correndo discretamente, mas estrondando quando emergem. Está nas prescrições metidas e moídas suavemente.
São as flores não vindas. Uma advertência ou apenas flores? Os tons de vermelhos. São tantos tons de vermelhos, que surge a inexorável pergunta: por que tantos vermelhos? O que são essas sutilezas em cada fresta perdida e em tantos pensamentos? A desconstrução da convergência que desencontra, foge e liberta? Quantas prisões são abertas nesses tantos vãos? A borracha, o dia dos namorados, o encontro, o trabalho, a insuperável impertinência da pessoa no trabalho, a família, as gentes da rua, do ônibus e as da vida: são grandes sinópticos microuniversos, que não calha decifrá-los, apenas senti-los quando puderem apressar, distrair, assossegar, aumentar e enlatar a respiração.
Aziz Pedrosa
Resta-nos a ambiguidade: fato, descuido ou a decorrência do cochilo?
Se ambiguidades brotam das páginas de De repente, um solavanco, confundindo fatos com a vigília sonolenta e com o sonho realista, como sugere o prefácio, elas se dissipam quando observamos que a Escola de Design é uma importante instituição de formação e fomento cultural, fato que se evidencia no livro, cuja equipe se constitui em sua maioria por profissionais formados pela instituição. É o caso da designer e diagramadora Alessandra Araujo Magalhães, egressa do curso de Design Gráfico, da ilustradora Flávia Xavier e da social media Jo Gama, estudantes do curso de Design de Produto, do redator da apresentação que lemos aqui, Professor Aziz Pedrosa, e da própria autora, Professora Denise Damaris da Silva.
Cem breves contos, entremeados por ilustrações, compõem o livro publicado pela Editora Ramalhete e produzido com recursos da Lei Paulo Gustavo de Minas Gerais, disponível nos acervos da Biblioteca da Escola de Design e da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, além de em outras instituições culturais da capital e da região metropolitana. Um canal no Youtube traz a leitura dramática de cinco contos selecionados com interpretação em libras, ampliando a acessibilidade dos textos, e no Instagram, parte do processo de desenvolvimento do projeto pode ser acompanhado.

Foto: Leitura dramática feita pelo ator Paulo Victor para canal do Youtube / Fonte: Arquivo pessoal de Denise Damaris

Foto: Equipe do projeto no dia do lançamento. Da esquerda para a direita: Flávia Xavier, Jo Gama, Denise Damaris, Alesandra Araujo, Silvia Barbosa, Paula Pessoa e Álvaro Gentil / Fonte: Arquivo pessoal de Denise Damaris
Para quem deseja continuar respirando os silêncios, ruídos e lampejos que atravessam De repente, um solavanco, o convite é seguir acompanhando seus desdobramentos. Vídeos de leitura dramática com interpretação em Libras, trechos do processo criativo e atualizações sobre oficinas e ações formativas estão disponíveis nas redes do projeto.
Siga pelo Instagram @solavanco.livro e no canal do YouTube @DerepenteUmsolavanco, e permita-se o próximo solavanco.
por Antonnione Leone (AsCom ED UEMG)